29.6.10

Choupal

Quem é que deve ser privado de frequentar locais públicos.. cães, pessoas, cavalos ou outras cavalgaduras?!

19.6.10

Provas científicas cabais!

Enquanto aluna de biologia, sentada nas velhas e históricas cadeiras dos anfiteatros da zoologia e da botânica, fui ouvindo todos os meus professores e, em todas as cátedras, longas lições de introdução à história de cada um dos ramos desta ciência. Ainda enquanto aluna, e nos primeiros anos, e porque ainda um pouco inconsciente, achava aquilo uma tremenda chatice. Mais tarde com o crescimento, amadurecimento e, principalmente, com o advento da consciência crítica, fui percebendo do interesse daquelas notas introdutórios. Era uma forma de nós percebermos como tinha evoluído a ciência e quem eram os seus corajosos e irreverentes protagonistas. Estes homens afinal tinham tido a coragem de criticar/duvidar do resultado anterior, muitas vezes auxiliados por novos métodos e técnicas que o progresso lhes ia colocando à disposição, e assim fazer avançar a descoberta da ciência.
As disciplinas onde aprendíamos a classificar seres vivos eram terríveis! Tínhamos que conhecer a morfologia de cada grupo, os atributos que variavam entre eles, longas chaves dicotómicas, sistemas de classificação, nomes científicos, … O que é certo é que “sistematizado” o procedimento, isto de “encontrar” os nomes começava a ter a sua graça. Novamente, com o advento da consciência crítica, fui notando da importância do método: descrever, identificar, classificar e atribuir um nome. Afinal este remonta aos primórdios, o homem sempre necessitou de o fazer: atribuímos nomes a tudo o que conhecemos numa tentativa de organização do meio que nos rodeia e com o objectivo último de facilitar a comunicação. Fácil e lógico!
Tal como qualquer jogo, a cada nível superior, novas dificuldades e, surgem aqueles grupos mais complicados de identificar. Os tais atributos, aqueles capazes de fazer diferenciar um individuo do outro, e que permitem classifica-los em espécies diferentes, são mais subtis. Aqui enquadram-se na perfeição os fungos. Além de algumas características morfológicas, utilizam-se outras, como odor (daí a “caça” às trufas se efectuar com porcos!), a cor (que permite distinguir alguns comestíveis dos seus congéneres tóxicos), entre outras. Um fungo, redutoramente, é um cogumelo, e é com base nas características deste cogumelo que se chega à sua identificação. Importa, aqui, referir que nem sempre os fungos se apresentam na natureza sob a forma de cogumelos e, que quem os estuda necessita de os isolar e cultivar e esperar… esperar que aquela espécie de fungo produza o seu “cogumelo” e assim “indubitavelmente” o classifique. Chama-se a isto ciclo de vida!
A correcta identificação dos fungos é fundamental, não só para a nossa sobrevivência, isto se nos aventurarmos a colhe-los para nossa degustação, mas também porque estes estão associados a muitas patologias animais e vegetais. Lá voltamos à chatice da ciência e a um corolário básico, o do princípio da causa-efeito. Identificado o efeito, há, invariavelmente, que encontrar a causa!
Em ciência, com excepção dos não-resultados, que também fui aprendendo que, afinal, são resultados, quando estabelecida esta relação de causa-efeito para intervenientes conhecidos, por norma, o resultado é uma prova científica cabal. Quando vamos ao médico com um vermelhidão no pé, associada a uma descamação e a uma comichão avassaladora – o efeito, o médico não perde muito tempo em demonstrações científicas, afinal esse é o seu “metier”, e prontamente identifica aquele efeito com a sua causa – pé de atleta. Patologia provocada por um fungo ou por um grupo de fungos, contagiosa e que nos obriga a alguns cuidados para evitar a sua propagação e contágio. O mesmo acontece no reino vegetal, uma planta, por exemplo uma árvore, por exemplo um plátano, apresenta determinada sintomatologia: morte total do indivíduo; bloqueio do sistema vascular; escamações ao nível da casca; indicadora de uma patologia, a qual, se recorrermos a especialistas nesta matéria, imediatamente identificam a sua causa: um fungo ou um “cocktail” de fungos. No entanto, foi na presença de amostras e após laboriosa análise que os tais especialistas chegam aos tais nomes, os das espécies. O efeito era conhecido, estava identificada a causa, há que actuar, de forma célere, na profilaxia e no tratamento. Estou a falar de pessoas que dedicam a sua vida ao estudo destas matérias, que não apresentam resultados sem estes estarem comprovados cientificamente e que, face a estes, e com base no seu profundo conhecimento da matéria, entendem que devem sugerir o procedimento correcto afim de evitar a contágio e a propagação do efeito devastador daquele conjunto de fungos.
O povo, sábio, costuma dizer que “para bom entendedor, meia palavra basta”, no entanto, prefiro usar a palavra inteira e informar que todas estas linhas servem para esclarecer o que é “demonstração científica” e “provas científicas cabais”. Que não restem quaisquer dúvidas sobre a necessidade de abate dos plátanos da avenida Emídio Navarro, principalmente quando um grupo de cidadãos decide, ainda estou em dúvida das motivações concretas, porque o argumento ambiental e da conservação do património vegetal cai por terra perante os factos, interpor uma providência cautelar a impedir a continuação do abate sob argumentos como o da demonstração científica e das provas científicas cabais. Fico, ainda assim, na dúvida, se a dificuldade terá sido na interpretação do português ou no puro desconhecimento do que é ciência, prova e cabal?

i'm baaaaaack!

Depois de um quase ano de ausência, apeteceu-me voltar aqui..