21.10.08

o projecto é o país, ou o país é o projecto?

Ontem logo pela manhã, assim como que para começar bem o dia! e já agora a semana!, um fax para participar na apresentação/debate pública/o de um Estudo de Impacte Ambiental (EIA). Até aqui tudo bem, e ainda melhor quando percebi que se tratava de um EIA que iria ter mesmo que trabalhar. O EIA para consulta só está disponível em alguns locais e para a reunião bastava ler atentamente o Resumo Não Técnico (RNT). Eh lá!!! Como é que se chama o projecto??? "IP3 - Coimbra (Trouxemil)/Mealhada, IC2 - Coimbra/Oliveira de Azeméis (A32/IC2), IC3 - Coimbra/IP3". Ai! Um EIA e só no título 4 estradas, 3 das quais com perfil diferente???? Vou avisando que isso não é nada! Importante e giro é tentar entender o que é este projecto (reforço a palavra tentar!), porque das duas uma "ou ele reflecte o país que temos ou o país que temos é reflexo do próprio projecto". Ora então vejamos! Começam por informar que se trata do projecto do novo IP3 entre Coimbra e Mealhada, do novo IC2 entre Coimbra e Oliveira de Azeméis e do IC3 em Coimbra e que todos se articulam uns com os outros (ok!!). 3 troços, maaaas, dois deles, o IP3 e o IC2, são coincidentes em parte do seu traçado, logo passam ou passa (não sei!!) a chamar-se IP3/IC2 (ok!!). Agora a GRANDE ajuda e passo a citar: "para facilidade de compreensão do estudo (...) o estudo foi subdividido em 3 trechos: trecho 1 - começa no nó de Almegue e termina no nó de Trouxemil (actual IP3): Neste trecho apenas se desenvolve o IC2." (ai!! mas não dizem na mesma frase actual IP3?!); trecho 2 - após o nó de Trouxemil e termina após o nó de interligação com o novo IP3 (...), no concelho da mealhada e que se designa nó (atentem!!!) IC2/IP3/IC12 (oops! uma estrada nova? o IC12! ok!!!); trecho 3 - após o nó de interligação com o novo IP3 e dá continuidade ao trecho anterior (será que o 2 não dá continuidade ao 1??). Este trecho é o mais extenso e termina no nó da A32/IC2 - Oliveira de Azeméis. Neste trecho apenas se desenvolve o IC2." Tudo claríssimo até aqui, não? Importante não esquecer que parte do IC2 é coincidente com a N1 e que ainda há o IC3 que vem de Tomar e que terá que ligar em algures com esta "tralha toda", ou seja, já perdi a conta aos IC's, IP's, e outros que tais! E soluções/hipóteses/alternativas de traçado??? isso é quase como na farmácia "há de tudo": trecho 1 - 3 soluções; trecho 2 - 2 soluções e... trecho 3 - 5 alternativas + a 4A + a 5A (isto será para baralhar?? nããããõ!). A esta altura também já deixei de dar importância aos nomes das estradas porque, pelo que vejo, metade são coincidentes, ou seja "NÃO EXISTEM!!". Mas nesta fase da apresentação de soluções entram mais variáveis, a saber: IP1, IP5; EN224-3, EN16 e.. No entanto, eis que surge também nesta fase o cerne da questão que é nada mais, nada menos .. A Pampilhosa do Botão!!! (não, não estão a perguntar porquê?). Passo a citar "..nesta solução o projecto afasta-se da EN1 pela intensa ocupação que existe na Pampilhosa do Botão, mas também pela ocupação prevista com a implantação de um campo de golf, projecto que conduziu ao desvio do eixo inicialmente projectado." Como?? Campo de Golf! Disseram Campo de Golf!! Aaaaahhh!!! Assim está bem, mais que justificado! E logo na Pampilhosa do Botão, esse centro turístico sobejamente conhecido para além fronteiras e mares.. Além disso, o trecho 1 tem previsto um atravessamento do rio Mondego por cima da Mata do Choupal, entre a actual ponte Açude e o a ponte ferroviária (a hipótese de alargar a actual ponte Açude está fora de questão por questões técnicas! Muito bem!!) e o trecho 3 atravessa o Sítio de Importância Comunitária e a Zona de Importância Especial do Vouga. No entanto, garantem que os pilares não serão nos leitos para salvar os peixes e que as galerias ripícolas serão salvaguardadas para fazer sombra (não me enganei, a senhora frisou sombra) aos peixes. Mas quais peixes?! Trata-se de habitats, de flora, de fauna e de avifauna de conservação obrigatória meus senhores! Onde, obviamente se incluem os peixes, mas sombra aos peixes?! e protector solar, não??? O resumo não técnico é consultável em http://aiacirca.apambiente.pt:8980/Public/irc/aia/aiapublico/library?l=/aia1963_trouxemil/resumo_no_tcnico/2008-517-rntpdf/_PT_1.0_&a=d://e o Estudo de Impacte Ambiental na sua íntegra nas instalações da CCDR-C e na Câmara Municipal de Coimbra. A consulta pública ocorre até ao dia 10 de Novembro, devendo qualquer opinião ser enviada até esta data para a Agência Portuguesa do Ambiente. Espero que tão esclarecidos quanto eu! Às vezes penso que estou assim desentendida por causa de comer tanto queijo!



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